No fim de 2019, decidi escrever uma lista de metas, objetivos e sonhos para o ano que se aproximava. Foi a primeira vez que o fiz e, obviamente, metade dos objectivos ficaram pelo caminho, 2020 trocou-nos as voltas, não é verdade?
Mas não vamos falar das coisas que correram menos bem.
Um dos objectivos para 2020 era conseguir gerir melhor o tempo para participar em concursos de ilustração. Para mim os concursos são uma forma de explorar livremente o meu estilo, ou mesmo para arriscar um estilo diferente, ganhar coragem e sair da minha zona de conforto. Os concursos são também uma oportunidade de mostrar o meu trabalho a pessoas diferentes, sendo nestas situações, nomes conhecidos da área. Claro está, que ganhar é sempre o grande objetivo, contudo, tenho a noção da quantidade de pessoas que participam, e são tantos ilustradores incríveis que a esperança de ganhar fica um bocadinho para segundo plano.
Durante o ano passado deixei escapar entre os dedos diferentes concursos que tinha na lista, por isso, meti na cabeça que o concurso de ilustração do pingo doce não ia fugir como os outros.
Como sempre, e até parece mal insistir no mesmo tema, mas a luta contra o tempo é real, não consegui fazer tudo o que pretendia, consegui apenas elaborar um simples storyboard, desenvolver as personagens principais e fazer uma proposta de capa.
Não sei se estão por dentro do tema, mas o concurso é divido em duas fases, a primeira respectiva ao texto, e depois de escolhido o vencedor, inicia-se o concurso da parte da ilustração, ou seja, o objectivo é ilustrar um livro infantil.
Alguns de vocês sabem que já tive a sorte e o privilégio de ilustrar alguns livros, no entanto foram trabalhos posteriores a este projecto, aqui não tinha qualquer ideia de planeamento, estrutura ou como ilustrar um livro.
Então como é que eu enfrentei este desafio?
Li a história;
Reli para identificar pontos chave e ideias cruciais (comecei já a imaginar personagens e cenários);
Reli a história mais uma vez, e dividi a mesma por partes;
Fiz um esquema para a possível paginação (tentei também perceber como poderia ser a interação do texto com as ilustrações).
(Tenho tanto para aprender sobre ilustração de livros, não tenho?)
E o resultado desta leitura infinita foi este storyboard:
(Não dá para perceber nada, não é?)
Depois do storyboard, aventurei-me em criar as personagens principais da história, que são uns monstros simpáticos que gostam muito de ler.
Ultimamente, todo o meu trabalho é desenvolvido digitalmente, por diversos motivos, mas neste caso tive a curiosidade e a necessidade de explorar primeiro com materiais analógicos. Comecei por fazer uns esboços de todas as personagens em folhas soltas e, posteriormente, fiz duas ilustrações mais completas a lápis de cor:
Só após estes estudos iniciais é que agarrei no ipad para desenvolver as personagens finais e a capa:
Como disse anteriormente, não consegui fazer tudo o que pretendia, muita coisa ficou só na cabeça ou em esboço, esta era a ideia para a primeira ilustração do livro, a aldeia das molas:
(Também não se percebe nada…)
Não ganhei o concurso, mas adorei desenhar estes monstrinhos.
Aproveito para deixar aqui o link do livro, Leituras e Papas de Aveia, com a identificação do autor e do ilustrador.
O concurso de 2021 já está aberto, as candidaturas para o texto acabam dia 2 de abril e as de ilustração iniciam dia 13 de maio.
Este ano vou tentar participar outra vez!
P.S.: Acabei o ano de 2020 a participar num outro concurso, as minhas ilustrações foram selecionadas para a exposição mas entretanto o mundo voltou a parar…assim que houver novidades aviso.
Até já :)
Dirce Russo